sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Futilidades por frutos

A vida é curta. Uns dois meses atrás senti um pequeno mal estar no "pé da barriga" e fui ao médico. Quando você percebe que está com algo anormal aí logo vem à mente o histórico familiar de doenças e muitas outras coisas na cabeça, principalmente a certeza absoluta que você vai morrer. Todos vamos é claro, menos os futuros arrebatados. Mas o problema é que raramente pensamos nisto, de fato não conseguiríamos viver em paz se todo dia pensássemos que aquele pode ser o último, apesar de que seria bem útil se o fizéssemos. Depois de exames tudo passou sem problemas, alarme falso, eu não estava com o "pé da cova"! Entretanto ficaram algumas lições, sem contar a de que o ISSEC, antigo IPEC, tem grande escassez de médicos, o que me fez ceder e finalmente entrar na UNIMED.

Quando você percebe o quão é frágil e como pode partir a qualquer hora a sua escala de prioridades começa a mudar. Diversões fúteis que tanto nos "entertem" perdem a sua graça, bens materiais ficam sem valor algum, já que "...nu vim e nu voltarei...". Como cristãos nos afastamos um pouco de nós mesmos para observarmos a árvore que nós somos e aí uma agonia toma conta da alma ao percebermos o quanto é difícil encontrarmos frutos em meio a tantas folhas. Folhas das conquistas pessoais, folhas dos bens adquiridos, folhas amarelas do tempo perdido! Estas são as que mais nos tocam, mais nos incomodam. Você olha pra trás e percebe o quanto você jogou fora de tempo. Ao tomar consciência de que já "cruzou o cabo da boa esperança" você se desespera na certeza de que não vai dar pra recuperar o tempo perdido. Será que Deus terá misericórdia deste filho tão infrutífero? Será que o dia de prestar contas chegou e não dá mais tempo produzir quase nada?

Quantas horas gastei assistindo filmes e programas que não vão ter nenhuma influência de proveito na eternidade minha e dos outros?
Quantas horas de internet?
Quantas horas fazendo nada, na preguiça total?
Quantas horas em algum hobby que nos consumiu tanto dinheiro e pra Deus não foi coisa nenhuma?

Não podemos, é claro, viver na neura de não parar pra desopilar de vez em quando em algum entretenimento, mas o que digo é que o desopilar usa muito mais de nosso tempo que o "produzir frutos dignos de arrependimento".

"Não seja radical", você pode dizer e até me comparar com um assembleiano tradicional que não tem nem tv em casa. O ponto não é esse. O ponto é te chamar pra você fazer uma avaliação de si próprio como faria se soubesse que tem pouco tempo de vida.

Imagine a si próprio com a certeza absoluta de que não chegará ao fim do ano. Como você avaliaria sua vida ao orar a Deus? Você teria vergonha ou poderia dizer o "combati o bom combate"?

A quantas almas você falou de Jesus no último mês? E no último ano? E os seus últimos dez anos enchem uma fileira da igreja? Você merece algum galardão ou será salvo "como pelo fogo", nas últimas da misericórdia?

Você tem certeza absoluta de que é salvo???

Sua fé tem as obras que a vivificam???

No ano passado fiz um post aqui propondo um "jejum de mentira". Percebi que a mentira é tão profunda na vida de alguns que propus todos fazermos um jejum de mentir, ficar sem mentir. Pra uns é simples, pra outros um suplício deixar a filha do diabo ...

Proponho agora um "jejum de futilidades". Que tal usarmos mais o nosso tempo para produzirmos frutos ao Senhor? Troque a futilidade por frutos! Pegue um papel e escreva tudo que você tem consciência que está em débito em sua vida espiritual. Exemplos:

Fazer um momento diário de consagração a Deus com oração e meditação da Palavra;
Orar por sua família. A salva para que Deus a guarde e fortaleça e a perdida para que o Senhor a salve;
Fazer o culto doméstico;
Ler mais a Bíblia, inclusive conseguir ler a Bíblia toda;
Ler aqueles excelentes livros cristãos que você guardou pra quando der tempo ler;
Louvar pois o louvor liberta;
Falar de Jesus aos amigos, e aí conta é claro um período prévio de oração intercessória para que O Espírito Santo faça a obra;
Participar de algum ministério na igreja, priorizando os evangelísticos.

Agora veja com calma o tempo que você gasta com trabalho, estudo, alimentação, higiene e deslocamentos neste trânsito péssimo lá fora.

Tente encaixar o tempo dos item lá em cima com os do parágrafo anterior e veja se sobrou algum tempo. Sobrou? Com certeza não há sobra mas sim escassez de tempo para o estritamente essencial e o realmente importante em nossa vida cristã.

Disposto a tentar mudar? Difícil? Amanhã já terás esquecido estas linhas?

Imagine que não chegarás ao fim do ano.... ajudará no começo. Mas o mais triste é que esta necessidade do medo de morrer para fazermos mudar nossas prioridades é mais um sintoma de que nosso amor a Deus anda capenga, sendo de fato menor que nosso amor a nós mesmos, a nossos planos e aos nossos sonhos.

Pare, pense e ore:

"Cria em mim um coração puro ó Deus, e renova em mim um espírito reto"

Tudo que escrevo Deus tem me cobrado antes que compartilhe com alguém, sendo eu o mais necessitado da providência e misericórdia divina.

Quanto ao tempo perdido uma palavra de esperança. Ouvi em uma pregação que Billy Graham disse ao completar cinquenta anos de ministério que, se pudesse voltar atrás teria ficado quarenta e cinco anos se preparando e cinco trabalhando, o que nos leva à necessidade de qualificação para uma maior rentabilidade do trabalho realizado. Como o crente se qualifica? Uns conselhos finais a este respeito:

Decida, amor é ação vinda de atitude, amar a Deus acima de todas as coisas;
Busque uma intimidade crescente com Deus e com Sua Palavra;
Busque uma regeneração incessante da parte de Deus;
Peça perdão sempre que errar e perdoe a todos;
Orai sem cessar;
Estude a Palavra de Deus de forma sistemática com auxílio de obras sérias.

Que Deus nos ajude a não esquecermos e pormos tudo em prática, para a honra e glória de Seu nome.

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