quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mordomos fiéis?

Esta semana Amandinha ficou doente e a levamos para o hospital tarde da noite. Na volta, em frente a farmácia, Sonia se emocionou ao ver um casal idoso dormindo no chão, em frente a uma loja. No culto de terça soube que horas antes os irmãos haviam passado ali distribuindo sopão aos moradores de rua.

Nesta mesma semana estou lendo sobre a realidade do Antigo Testamento, onde Deus mandava de forma clara que os seus ministros, no caso levitas e sacerdotes, cuidassem do pobre, nunca os desamparando. São diversas passagens, algumas gerais, incluindo todos que se dizem povo de Deus, mostrando claramente a responsabilidade de cuidar dos pobres.

Interessante e triste como normalmente somos egoístas e fúteis. Fazemos planos e mais planos com sonhos de consumo que desejamos adquirir tão logo o orçamento fique mais aliviado. A imensa maioria de objetos supérfulos, sem os quais conseguiríamos viver muito bem nesta terra.

Em outra circunstância observamos a igreja instituição, pessoa jurídica que reflete o pensamento de seus mantenedores, gente de carne e osso, nós. Tantas vezes sonhamos e suamos para construirmos estruturas que são de fato necessárias à reunião dos fiéis, mas muitas vezes moldadas com luxos totalmente dispensáveis.

Podemos fazer uma ponte destes dois fatos com a figura do "mordomo fiel". Será que somos mordomos fiéis? Mordomo fiel traz logo à mente de muitos a palavra dízimos e ofertas, mas neste caso quero ser mais amplo. Estes ítens não são objeto desta reflexão. Lembro aqui que somos responsáveis em administrar com sabedoria o tudo que somos e temos. Tudo que o Senhor nos dá, iniciando com nossa vida em si. Se trouxermos à nossa mente a imagem dos nossos semelhantes, aqueles por quem Jesus também morreu, que estão dormindo nas ruas, e somarmos esta realidade desumana com nossa mordomia, nossa e da instituição que compomos, comumente chamada de igreja, será que o Senhor nos chama de mordomos fiéis ao nos observar de seu alto e sublime trono? Será que estamos amando o ser humano na mesma proporção que Jesus amou ou estamos amando mais nosso próprio umbigo e o conforto que queremos dar a ele?

Você pode dar "um pinote" e dizer que "eu mereço isso" ou "eu mereço aquilo". É justo desejarmos uma vida humanamente decente para nossa família, mas será que temos controle próprio para sabermos discernir e separar o que de fato é biblicamente justo para nós do que é simplesmente fruto "da concupiscência dos olhos e da soberba da vida"?

Não estou cobrando que tenhamos uma vida "franciscana", apesar de crer que seria maravilhoso se a tivéssemos sem nenhum constrangimento na alma pois seria bem parecida com a vida de Jesus. O incrível é que vivemos justamente o contrário. Nos sentimos constrangidos quando não temos carro para ir à igreja, ou quando temos mas o carro do irmão ao lado é bem melhor que o nosso, nos constrangemos quando os irmãos combinam ao fim do culto ir comer em locais caros e nós não podemos ir pois o dinheiro do mês já se foi. Aqui cabe uma lamentação pois parece até que o povo já chega na igreja pensando aonde ir no fim do culto e não pensando em louvar a Deus. É a total inversão dos valores bíblicos, e nós fazemos esta realidade, nós a vivemos e achamos que estamos muito bem, alguns até dizendo que estamos vivendo um avivamento... "ô morte horrível", como dizia um conhecido meu!

É triste quando um pequeno grupo de gente "que se queixa que é crente" se junta e o papo rola de tudo, menos assuntos espirituais, coisas eternas, fatos dignos de serem compartilhados por servos de Deus. A última viagem que fez, a casa que comprou, o passeio do fim de semana passado... e por aí vai. É só eu isso, eu aquilo e eu de novo. Será que somos a imagem e semelhança de Jesus? Claro que não, mas será que estamos buscando essa semelhança? Péssimo sintoma, pobre de nós, pobres que me lembram o trecho do Apocalipse: "..cego, pobre e nu...".

Existe prazer neste povo em meditar na Palavra de Deus? Se houvesse a boca estaria falando de coisas espirituais pois a boca fala do que o coração está cheio, e aí "o bicho pega"!

Misericórdia Senhor!

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