sábado, 3 de outubro de 2009

O dinheiro e o ministério

Estava conversando hoje e me falaram de um amigo que é pastor. Relataram de sua dificuldade na vida pois acorda todos os dias de madrugada para produzir produtos que comercializa, já que não recebe renda da igreja que pastoreia. Este é um exemplo de extremo, onde o obreiro não recebe o salário que deve receber. No outro extremo vemos as igrejas neopentecas onde jato de 50 milhões de dólares está a serviço do bispo. Novamente necessário se faz o uso do bom senso.

Acredito que o obreiro deva ter um trabalho que muitos chamam de "secular", como se isso fosse do mal. Paulo fazia tendas para não ser pesado aos irmãos. Novamente o bom senso clama por algo que repito a enésima vez: transparência. Tudo feito às escuras, somente do conhecimento de um mini grupinho passa a aparência de marmota. Todos sabemos quanto ganha um político, quanto é o salário mínimo, quanto ganham servidores públicos cujos salários são divulgados nos jornais de concursos a toda hora. A igreja deve ser exemplo de transparência. Todos os membros devem acompanhar, opinar, votar e sugerir quando for ser decidido a prebenda do pastor, este é o termo para o valor monetário recebido por religioso.

Fato sério e gravíssimo, além de criminoso, é o fato das igrejas que não descontam o Imposto de Renda na fonte ao conceder a prebenda ao pastor, e nem o pastor dizer a verdade quando declara Imposto de Renda. A mídia mostra quando ocorre isto. "Esqueceram de César" podia ser o nome deste filme trágico. Vemos nestas duas páginas, encontradas rapidamente no google, artigo e fórum tratando do assunto, inclusive mencionando prisão de pastor:
http://www.direitonosso.com.br/artigo66.htm
http://www.forumcontabeis.com.br/ler_topico.asp?id=24033 ;

Já pensou se a Receita Federal desse um "pente fino" no patrimônio dos líderes de igrejas pra ver a compatibilidade da realidade com a declaração anual do IR? Ia ser um problemão, humanamente falando, e um escândalo, biblicamente falando, se fosse encontrado algum caso de fraude. Vemos no primeiro link um caso concreto divulgado pela mídia.

O povo pensa que por estar na igreja e por tudo se passar na igreja, a renda pastoral se dá em outra dimensão, talvez na quarta dimensão do agora David Young Cho. Deus vai torná-los invisíveis ao governo! Mas os olhos dos irmãos enxergam tudo isto, e tal fato joga por terra a credibilidade do pregador e da instituição quando os mesmos exigem retidão e não colocam retidão em prática.

Vejo hoje como alguns sentem tanta dificuldade em ter vida transparente, isto é um escândalo, pois deveria ser o normal, o natural do cristianismo. Não sou fiscal de nada e creio que todos nós vamos prestar contas com Deus e com o governo, mas a imagem da obra de Deus se desgasta, os imaturos se escandalizam, é só desgraça quando estoura uma marmota qualquer. E a Bíblia diz "ai daquele por quem vier o escândalo".

Acredito que a prebenda pastoral deva ser uma média da renda dos membros, para que os mais humildes não fiquem escandalizados com os luxos pastorais advindos de sua tão sacrificiosa oferta. Não se deve deixar o líder à míngua, novamente o bom senso, a lógica deve prevalecer, ou seja, a justiça pra com todos que colaboram na obra e para com o obreiro. Deve ser discutida abertamente a carga horária do obreiro, quantas horas mensais dedicadas ao estudo, quantas à visitação de membros e etc. Não adianta usar de sentimentalismo ao dizer que pastor trabalha até de madrugada orando pelo povo. Isto é uma falta de respeito ao próximo! Todos temos nossas madrugadas ao pé da cruz quando a coisa aperta. Faz parte do estilo de vida do cristão. Lutas estão contidas no pacote de todos, seja o "paipóstolo" ou o membrinho de banco.

Lembro de ouvir relatos de alguns que se diziam missionários pra se escorar em membros da igreja. Iam morar com a família do membro e só tinham "vida de consagração". Não "colocavam um prego numa barra de sabão". Só a "unção da preguiça". Pensam que os outros são tolos, e alguns até que são até verem que estão sendo usados. Mais mazela gospel.

Não devemos induzir os líderes ao erro, ao crime fiscal, ao escândalo. Devemos fiscalizar e exigir que a lei seja cumprida na hora de se doar algo ou se conceder prebenda a quem quer que seja. Transparência já, ou possibilidade de escândalo daqui a pouco. Se algum dia você leitor tiver oportunidade de voz na sua comunidade religiosa não cale, fale, alerte, não sejas omisso.

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