sábado, 3 de outubro de 2009

A Ceia

Este post é lançado online no início do domingo em que a grande maioria das igrejas evangélicas celebra a Ceia do Senhor. Novamente um papo informal, além de algumas meditações na semana, me trouxe o tema.

Fico a me perguntar como tanta gente consegue cear sem que estejamos a ver frutos do Espírito em suas vidas. Digo assim porque não podemos julgar ao próximo, mas devemos observar os frutos que a árvore produz. Fico estarrecido com a frieza e total descaso com Deus de pessoas que passam o mês inteiro vivendo totalmente o contrário do cristianismo e na Ceia colocam um ar de amor cristão que não condiz com tal árvore. Me lembra muito o natal. O povo vive o ano inteiro feito uma maldição para o próximo, aí no natal veste uma capa de caridade, amor e benevolência. Parece até um mecanismo de defesa do corpo que sabe que não presta mas tenta enganar a si próprio. É esquisito demais, muito esquisito mesmo.

Na ceia eu até temo em ir à igreja por pensar estar colaborando pra desgraça alheia. Eu sei que um determinado abençoado prefere um papo com o cão a vir conversar comigo, recebi do mesmo o total descaso e a absoluta falta de amor cristão durante todo o mês, daí na ceia estou ali no templo e o infeliz vem até mim, me cumprimenta e balbucia umas palavras de amor e fraternidade que sei com certeza serem da mais absoluta falsidade. Me sinto como cúmplice do pecado alheio. Você já parou pra pensar nisto? O dia que o Senhor mandou que lembrássemos de seu sacrifício ser o dia em que alguns mais pecam? Parece aquele corinho que já mencionei antes ter abuso do mesmo: "...uma família sem qualquer falsidade...". O que nos conforta é sabermos, ou pelo menos pensamos saber, que a maioria tem um amor fraternal verdadeiro, mas são as exceções que teimam em cutucar nosso juízo devido à gravidade do fato e a frieza dos autores dos delitos.

Veja a que ponto chegou a igreja. Se nós nos sentimos incomodados com a falsidade que há entre as ovelhas imagine Deus! Não sei se é porque estou ficando velho, apesar de só ter 41 anos, mas a cada dia fico mais impaciente com estas marmotas entre o povo "que se queixa que é crente". Chega de hipocrisia. Vivi 20 anos de minha vida como hipócrita, não vou reencarnar pra viver de novo, então procuro viver de forma autêntica e genuína a vida que Deus, em sua longanimidade, resolveu me conceder, que Ele decidiu permitir que eu ainda desfrute mesmo sem merecer. Sou pecador cheio de mazelas mas este tipo de coisa chega às raias do absurdo, do incrível na escala de marmotas religiosas. Cada dia fico mais "desbocado" e impaciente com os religiosos do abracinho falso e da "paz do Senhor" que eles mesmos não possuem. Pessoas que fazem o jogo da mão dupla da tesoura. Eles tesouram o A para o B, o B para o A, o C para os dois e por aí vai; daí encontram todos juntos e é um "amor" só...

Isso estou a falar de irmão para irmão, nem sequer lembrei de algumas lideranças que só lembram das ovelhas na hora em que necessitam de algo do rebanho, o tal do "...venha a nós o vosso reino e nada...". Realmente tem que ser muito persistente pra conseguir caminhar no meio do povo que se diz povo de Deus.

Amor? Esqueça, está cada vez mais raro de se encontrar, seja na igreja, que deveria ser cheia de amor, seja no mundo afora, este nunca teve nem terá. Como fica a Ceia então? E as recomendações de que "...por isso há muitos entre vós que estão doentes e muitos que dormem..."? O povo novamente dá provas que fala de Deus mas vive como se Deus não existisse. Andam com a Bíblia na mão mas vivem como se ela fosse só mais um livro de frases bonitas. Falo o povo porque por menor que seja o número dos que assim agem, já é um número exorbitante se levarmos em conta que este povo diz que vai morar no Céu, diz que nasceu de novo e o pior, diz que é filho de Deus!

Dia de Ceia, Senhor ajuda-nos e tem misericórdia deste povo que afirma ser teu...

2 comentários:

  1. Meu irmão querido permita-me um comentário só.
    Nunca iremos encontrar um homem sequer que não seja pecador e cheio de falhas.
    Será que mesmo aqueles que vc chama da falsos não reconhecem que são cheios de mazela? Será que eles tb desejam acertar e estão buscando nem que seja só no dia da santa ceia um momento com o Senhor?
    Nosso Deus é Deus dos doentes e não dos sãos, Temos que olhar o outro com mais benevolência não acha?
    Ninguém é perfeito e todos temos chance diante de Deus, Deus não desiste de ninguém, e nos ama como somos com todos os nossos defeitos. Vamos acreditar mais no outro e orar por ele.

    ResponderExcluir
  2. Por isso mesmo termino o texto pedindo à Deus que me ajude a ter misericórdia deste povo. Costumo dizer que, se a pessoa ainda não morreu é porque Deus ainda está tendo paciência, ainda há uma chance de arrependimento. Vejo também que sermos cristãos implica que devemos amar e orar pelos que nos odeiam, aí reside uma das grandes diferenças do cristão, e devemos ser assim nestes casos também. Devemos ter misericórdia. Nós mesmo não merecemos esta misericórdia e a recebemos de Deus.
    Existe porém o fato de que esta realidade existe, independente se naquele dia a pessoa buscar ser cristã pelo menos ali na ceia. O fato do doente apresentar melhoras no quadro não nos impede de analisarmos a presença desta enfermidade. Por isso digo que são alguns casos isolados os que, mesmo não podendo julgar ao próximo, observamos os frutos como manda a Palavra, e nos agoniamos por ver uma incompatibilidade com o cristianismo verdadeiro.
    Adotar um olhar de benevolência e misericórdia não significa calar diante de atitudes erradas que se perpetuam no meio da igreja. Devemos amar e interceder mas também exortar. Boa parte do Novo Testamento está repleta de amor mas também de exortação, assim como as pregações que ouvimos nas igrejas,bem como o texto da ceia, que também já vem com sérias exortações.
    Existe algo interessante. A Palavra diz que é o Espírito Santo quem convence o homem da justiça do pecado e do juízo, ou seja, não nossa exortação, mas ao mesmo tempo manda exortarmos o errado. Me parece que o Espírito Santo aproveita o momento que exortamos para agir nos corações.
    Vamos orar mais pelo outro como falaste, de forma simples e singela como as pombas, mas no acreditar no outro não esqueçamos de sermos prudentes como as serpentes, pois a Palavra sabiamente assim nos ensina.

    ResponderExcluir