segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Erros e equívocos na administração da obra

Em 32 anos passando por algumas igrejas pude perceber decisões acertadas e equívocos terríveis. Copio e colo abaixo algumas observações tiradas de minha monografia. O texto completo está em: http://pt.scribd.com/doc/96753612/DIZIMO-Joao-Bosco-Costa-Vieira e já teve mais de 5400 acessos. Muitos líderes são íntegros, glórias a Deus por eles, e sempre busco a companhia destes homens; mas se porventura onde congregas a coisa não está nos moldes bíblicos, reflita no texto abaixo.


A probabilidade de erros e equívocos na administração da obra é diretamente proporcional à forma de governo da instituição. Em muitas igrejas, a forma de governo é a episcopal, onde um líder decide soberanamente, sem a necessidade da aprovação dos membros, sobre os rumos da obra e consequentemente sobre o uso do que é coletado. Neste caso, muitas vezes a igreja dificilmente é ouvida, ou tem o direito de opinar sobre a remuneração pastoral, a chamada prebenda.
Em alguns casos os líderes recebem percentuais de 30, 40 ou de até 50% de tudo o que é arrecadado (ou dos dízimos, já que a maioria os exige) sem haver limite máximo do que se recebe e sem se levar em consideração se o mesmo tem uma fonte de renda secular ou se irá devotar dedicação exclusiva de seu tempo à igreja.
Nesta conduta, este grupo se afasta bastante do que era vivenciado na igreja primitiva. Não se leva em conta ali o sustento digno do obreiro, pois, de fato, ele pode vir a ganhar valores exorbitantes.
Tal fato constitui uma verdadeira agressão moral aos irmãos necessitados que congregam naquela comunidade e que dela nada, ou quase nada, recebem de ajuda para seu sustento, algo totalmente diverso do vivenciado pelos primeiros cristãos. Este péssimo testemunho macula a imagem da igreja.
Em alguns casos, existe uma suposta participação dos obreiros nas decisões financeiras, mas, de fato, existe o risco de que a votação seja apenas pró-forma, pois é comum que a vontade de um líder carismático não seja questionada por nenhum membro, já que ninguém gosta de criar um “clima desagradável” com seu querido pastor. Evita-se ainda o risco de se receber o rótulo de “questionador” ou “rebelde”. Dificilmente um questionador é indicado a cargos de proeminência na obra, antes pode ser colocado de lado até que se sinta desconfortável e busque outra igreja para congregar.
A falta de moralidade, bom senso, base bíblica e de transparência abala a credibilidade da obra. Num mundo cheio de escândalos é necessário que todos saibam e opinem sobre o rumo que se dá ao que é arrecadado. “Dê para Deus e esqueça” é um ditado muito comum.
Já nas igrejas cuja forma de governo é congregacional, existe uma participação maior dos membros no planejamento e execução das despesas da igreja através de assembleias realizadas especificamente com este propósito. Nesta forma de conduta as pessoas se sentem realmente congregando, realmente participando e construindo a obra em comum acordo e não apenas na posição de meros espectadores que nada podem opinar mesmo diante dos maiores descalabros e imoralidades financeiras realizadas com o tão suado dinheiro dos irmãos.
Cabe ao pastor zelar pela transparência na gestão de recursos, buscar sempre ouvir a igreja antes de decidir os projetos que almeja implantar com a verba arrecadada. É óbvio que o pastor busca e recebe direção de Deus, mas a prática tem mostrado que muitos “projetos de Deus” depois de certo tempo se mostram de fato como projetos humanos. O fato de o pastor buscar direção de Deus não o impede de pedir que a igreja também ore e busque ao Senhor antes de qualquer assembleia que irá tratar do assunto.
A administração eclesiástica, quanto ao aspecto financeiro, pode aprender muito com modelo de administração condominial, onde um gestor cuida do interesse de um bem que de fato pertence a todos e que todas as suas decisões podem gerar benefícios ou prejuízos a todos. Neste modelo de gestão, quanto mais se compartilha as responsabilidades e as decisões menor a carga nos ombros do gestor e menor o risco de erro, inclusive a Bíblia já recomenda: “Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.” Pv 11: 14 (ARA).
A prebenda pastoral deve, caso seja baseada em um percentual, ter um limite máximo para que se evite a tentação de sempre pedir mais e os ganhos exorbitantes. Este limite deve obedecer ao bom senso no sentido de que um pastor que dedique seu tempo exclusivamente à obra não pode receber o mesmo valor de um que tem emprego secular e, em alguns casos, sequer necessitaria de ajuda.
Paulo nem sempre precisou de ajuda, pois trabalhava, conforme Atos 20: 33-35. Algumas denominações já centralizam o controle financeiro e deixam congregações e seus dirigentes com poucos recursos para gerir a obra, um erro que sufoca a muitos.
Um líder segundo o coração de Deus jamais causará escândalos e nem prejudicará a própria alma por causa do dinheiro. Antes será sábio e atentará a este conselho fundamentado nas Escrituras:
                                                  A coisa certa a fazer na área do dar é ensinar as verdades da Palavra de Deus e, em seguida, deixar o Espírito de Deus gerar a resposta junto com todo o restante dos frutos espirituais. E assim nós ensinamos a Palavra de Deus. Nós não usamos artifícios, não usamos programas, apenas ensinamos a Palavra de Deus crendo que o Espírito de Deus irá produzir nas vidas um tipo de doação compatível com o estilo de vida. (MACARTHUR, 1975b, tradução nossa).

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